Sunday

A três lances de escada.



A vida mudou e mudou rápido.
A vida deu uma rasteira e um tapa na cara e disse: "Chega!". Mudou tudo e mudou todos que tinham que mudar. E logo eu, essa quem vos fala, foi parar longe, bem mais do que imaginava.
Saí de Miami, convivi com duas pessoas incríveis que deram um 'shift' na minha vida e voei como um sopro para São Paulo. Que assim que me recebeu, assoprou um sorriso tão forte que apagou o restinho de vida que cuidava até eu chegar. No escuro, sem ar, tateando e se agarrando, a vida, aquela, se encarregou de tomar-se posse de mim mesma. Tão logo eu, essa quem vos fala, veio parar longe, bem mais do que imaginava.
Ainda estamos de luto e tristes. No escuro por muitas vezes.
Mas daí exstem muitas outras coisas que acontecem e sussurram ao nosso ouvido: 'Vai!'.

Vim renascer em Nova Iorque, meu sonho escondido. Trabalhando em uma das agências mais fantátsicas do país, meu foco por meses. Vivo, convivo e sobrevivo no centro do Mundo.
E me sinto bem.

Eu sinto que toda a vez que chamo essa cidade de 'Casa' um Mundo entra em mim; e eu recebo esse novo mundo - que mora aqui mesmo, a tres lances de escada.

Thursday

A Morte.

O email que você não vai receber.
A piada que não vai entrar, o telefone que não vai tocar. A mensagem que não vai sair, a mensagem que não vai entrar. A porta que não vai abrir, as tardes que não vão chegar. As noites que não vão passar.
A noticia que não vai vir, o comentário que não vai falar. O apoio que não vai suprir, a sabedoria que não vai imperar.
O colo que não vai vir, o abraço que não vai sentir. O cheiro que vai sumir.
O sorriso que vai congelar, as mãos que vão trancar, o toque que não vai esquentar, a pele que vai esfriar.
O silêncio que vai ocupar, o vazio que vai ficar, o susto que vai permanecer.
A família que eles não vão conhecer.

Mas de tudo, de tudo, a esperança de uma volta que não vai existir.
Assim é a morte. O único lugar onde eu não os alcanço.

Wednesday

A Busca.

A busca pelo prazer começa em se apaixonar por um tópico. Um livro que caia bem e que seja um prazer instantâneo onde quer que eu vá.
A busca pelo prazer tem um segundo tom que é sentir-me conectada com o real. Todas as vezes que me levo para fazer algo que me dá mais vontade de viver.
A busca pelo prazer tem seu lado porcentagem, também. Às vezes, não dá para fazer tudo.
A busca pelo prazer tem o gosto de música nova e o som de diálogos escritos. Tem a calma da Rua 3 e o charme de um batom vermelho. Tem a permissão da feminilidade e a liberdade de guiar o próprio carro.
Tem um quê de desafio certeiro, daqueles que não requer muito.
A busca pelo prazer é retomar a escrita e pensar no futuro enquanto digerindo o passado.
É ter a capacidade de agradar a mim mesma antes de qualquer outra pessoa. É pensar em dinheiro para ter menos dores ali na frente. É, por que não, cometer uma loucura. É planejar direitinho como passar o resto dos dias, e escolher a dedo as companhias.
É me alimentar de emoções que sejam mais eu.
É descobrir um filme. É carregar uma história em baixo do braço. É doar mais do que recolher. É reciclar só aquilo que vale mesmo a pena. É o vento, é o vento, é o vento.
É andar pelo sol e só por hoje não me preocupar.

São pequenas coisas e não necessariamente a indulgência exacerbada. Não é o excesso e sim a qualidade. É fazer aquilo que se quer, com quem se quer. É sair do circuito e fazer o próprio.
É gastar o tempo que eu quiser, na loja que eu quiser, com quem eu quiser. É não ter horário para me fazer feliz.

A busca pelo prazer é auto-referente.
Deve ser eloquente.
É presente.

Eu quero me alimentar de coisas bonitas.

Friday

quando 'aquela' não fazia mais sentido.


aprendi a gostar de mudanças.
pessoais, especialmente.

Wednesday

"Barbie fucked us up!"



Reality has more colors, culture, sense and attitude.
More flesh needs more bones.

Saturday

Portas abertas.

Naquela manhã deixaram as portas abertas.
Saíram juntos de um dos quartos. Ele na cozinha preparando o café, aquele mesmo que em todas as outras manhãs ela sentia o aroma e imaginava o sabor, enquanto ainda na cama.
Naquela manhã não havia segredos, não havia barreiras, não havia distância. Naquela manhã leram juntos o jornal, se conheceram, riram, limparam a casa e falaram da França. Naquela manhã, enquanto ela ainda no banho, ele veio deixar um beijo de tchau.
Naquela tarde ela abriu sua porta para passar a manhã inteira com ele.

Monday

Status.

Yeap, acho que quando você muda alguma 'Profile Info' no seu Facebook é porque está levando alguma coisa bem a sério.

Thursday

O texto da foto.

O padre e a moça.

Eu poderia te agradecer por me fazer chorar.

Eu poderia te agradecer por uma série de coisas.
Agradeço de novo pelas risadas e palhaçadas todas. Agradeço pela religião escrita. Por me ensinar uma dança nova em um lugar escondido em mim mesma. E até por ser tão sério e intocável assim.

Mas hoje eu te liguei para perguntar uma única coisa e me vi muito triste. Porém não quis abrir e te contar.
Estava medrosa e teria uma lista de outras perguntas a fazer. E você provavelmente a responderia com a calma de um maestro ou da forma mais sucinta, máscula e direta possível.

E mesmo com a sua pergunta forte e a minha resposta afonica sobre meu estado emocional, entendi nesta minha resposta que o colo que eu precisava era eu mesma quem precisava me dar.

Então desliguei o telefone e dei o primeiro soluço.
Fui para o quarto e despejei em cima da cama todos os outros que estavam engasgados.
Chorei as lágrimas e o medo que eu não me permitia há tempos. Chorei o só e o que virá. Chorei a loucura e também a certeza que nela encontro.

Até que uma hora parei.
Me acalmei.
Terminei o que tinha que terminar, e fui para a rua atrás do material ideal.
Até que dei-me conta que enquanto caminhava na rua, ainda de olhos açucarados de choro, existia uma placidez enorme aqui dentro.
Porque eu tinha tido coragem de chorar.
Porque eu tinha tido coragem de contar comigo.

Eu poderia te agradecer por uma série de coisas.
Mas de todas elas, fico com a idéia indireta de que você me ensinou a ressignificar um certo choro.

Obrigada.

Porque todas as vezes que choro eu mesma,
Sou uma pessoa melhor depois.

Friday

Você me dá vontade de viver.

E daí existem aquelas pessoas que mexem com você uma vez na vida e provavelmente continuarão mexendo por todo o resto dela. 

Aquelas três pessoas que me dão tamanha vontade de viver que fico com vida suficiente para sair correndo em volta de todo o mundo.
Um impulso no coração e um pulso de energia tão grandes que seria capaz de correr de novo e de novo e de novo.

Mas Você, em especial, me inspira de uma forma que tenho mais vontade de me viver.
Me dá fôlego de mim mesma.
E assim vou ficando por muito tempo tão mais viva.

Thursday

O peito de pedra.

Ouviu a frase e sonhou ele.

Foi um beijo que derretia tudo, quente, molhado, longo, intenso, apressado, roubado, suado, escondido, abraçado, chorado, rido, vivido.
E por trás daquelas armaduras pretas, por baixo daquelas mangas brancas, o peito que era de pedra, derreteu. Quebrou. E liberou toda a emoção contida, congelada e formada ao longo destes dois anos no seu coração.
Era uma leveza tão grande no peito que fez toda a sua dor do mundo foi embora. Um preenchimento tão bonito, que tudo parou. Não estava mais triste, e fazia todos felizes. Ela, ele e o resto das pessoas naquele gramado amplo e ensolarado.

Mas quando acordou sentiu uma pressão muito grande na região do tórax. Uma dor constante, às vezes menor, às vezes maior.
Uma dor de sonhos apedrejados. Pedras pequeninas, pedras grandes.

Lembrou dele há dois anos atrás, quando alertou-a que a aquele coração tatuado iria desbotar. Que aquele apartamento era muito grande. Que não deveria aceitar tal emprego.
Passou a manhã e a tarde sentindo-se a mais solitária, dura e dolorida das espécies. Cada respiração profunda machucava mais. Lembrava do beijo, do quanto precisava daquele beijo.
Até que entendeu porque sentira aquela dor tão real e intensa ao longo do dia.

Sentia na verdade a transformação de seu coração endurecendo, enquanto sugava para sí, lentamente, todo aquela pressão cinza e sólida.

Todo aquele peito de pedra.

Tudo o que você não soube.

Tudo o que você não soube eu deixei ali.
No barulho mais alto, no vento mais quente e com a mais triste e borrada emoção de uma multidão sem rosto.

Mas existem coisas que eu não consigo me lembrar.


E coisas que não consigo esquecer.

Monday

Câmbio.

Pense em moedas.
Pense agora na amplitude de valores. Na diferença de valores. Dos nomes diferentes dados a coisas que compram coisas diferentes. Amplie o espectro, vá ao macro e pense na desvalorização.
Pense em troco.
Repense cobrança.
Cobrança.
Volte então à moeda, pergunte-se o que era o produto ou serviço que estava para ser assim, burocraticamente, adquirido.
Releia os recibos e suas descrições em mercados globais. Para facilitar, lembre-se de toda a bagagem cultural adquirida. Agradeça as aulas de interculturalidade e as sessões (essas, sim, financeiramente calculadas) aproveitadas.
Veja se existirá um troco, ou se foram dadas as moedas exatas.
Não esqueça de checar o câmbio, porque talvez o que possa ser uma sutil diferença para um bolso farto, para um bolso escasso mude tudo.
Sempre amplie o espectro, portanto, por último pense em todas as crises mundiais.
E conclua tudo com a palavra Limite.

Agora, sente um pouco em cima dela e reflita.

Existem valores. Existem limites. E existem barreiras.

E então releia este.

'Where you end and I begin.'

Sunday

Eu acho divertido ver como as relações mudam.



Passou um mês. E tudo o que eu queria, consegui.

Friday

Quer saber como foi?

Barcelona, Lyon, Monaco, Limone, Genebra, Barcelona, Zaragoza, Madrid, Barcelona, Vida.
Foi FODA.

A Lista Negra.

Eu recebo uns emails do Grupo de Jovens de uma determinada Igreja.
Sim, uma Igreja.
É, Católica.
Foi em 2008, anos (ahn-ham) atrás, quando um belo domingo acordei desesperançosa e fui até lá. Participei de uma daquelas reuniões e foi bom. Foi ok.
- Legal, Julia. Adoramos você!! Me dá seu email que daí a gente te inclui na Lista! [sorrisos animados]
- (... ) Tá bem... [sorrisos amarelos]

Quase todos os dias, há mais de dois anos eu recebo estes emails. Portanto, já faz parte da minha rotina vê-los em negrito no meu Inbox.
Mas hoje, ai, hoje eu decidi ler o conteúdo. O Tema das discussões e das próximas aulas aos domingos sagrados é "A Moral Sexual".
O email tem vídeo.
Tem Padre.
Tem apostila.
Tem sinos.

E eu, desejos de me tirar desta lista.
Mas daí me pergunto: Se me tirar, Deus castiga?

Thursday

Os dias correram como cavalos selvagens nas montanhas.

Foram dias que correram livres como um respirar aliviado.
Foram dias que fluíram como um mergulho no mar de sí mesma.
Foram dias que cavalgaram com a força de um longo, profundo e delicado caso de amor próprio.

Naquela manhã quis comprar mais livros de arte e enfeitar-se. Pintou o cabelo, comprou mais vermelho.
Falou mais alto e marcou mais passos. Disse verdades, declarações de amor. Entendeu amizade. Voltou a adolescência. Chorou baixinho e aprendeu um rezar diferente.
Recebeu amigos em casa. Abriu mais portas e deu mais caras a tapa.
Assumiu medos, defeitos e nós. Infinitos nós.
Nós coloridos, cinzas, pretos, brancos, grossos, finos, leves, rendandos, de lã, de linho, de tintas e giz de ceras.
Nós, infantis. Nós, adolescentes. Nós, adultos. Nós, velhos.
Nós mortos.

Para um dia renascer. Olhar o mar, rezar baixinho, pintar, dançar. Mais do que nunca, se recriar.

E foi a partir deste dia que todos os seguintes passaram a correr como cavalos selvagens nas montanhas.

Wednesday

De quando eu queria que fosse hoje.



Encontrei esse bilhete.
Está datado de um mês 9 perdido entre tantos outros já vividos. Por um segundo me alivio de pensar que esse cuidado nem faz tanto tempo assim, só pouco mais de um ano.
Já no segundo seguinte, me dou conta que faz... que faz tempo sim. Que esse mês 9 era de 2007 ou mesmo de 2005.
Penso em 2005. Seis, sete, oito, nove, dez, onze.
Saudade desse romantismo quase inocente em época de amadurescimento. Saudades de paixões declaradas, de receber flores no meio do trabalho. Da surpresa ao receber um cuidado, de achar alguém que tinha encanto e coragem suficientes para demonstrar.

Onde foi mesmo que perdi esses anos todos?
Onde foi mesmo que deixei a covardia alheia seduzir a esse ponto?
Onde foi que afastei as pessoas seguras, onde lancei-me em mares de dúvidas e convidei todos a navegar comigo? Onde foi que as certezas se esvaíram e olhares multiplicaram?
Onde foi que endureci?

Quais foram as minhas flores que deixei morrer?

Mais água. Viver mais a emoção.

Eu queria que esse dia 16, esse dia 17, fosse hoje.

Volta, Bobagem? Volta um pouco aqui pra mim que essa dureza toda tem me matado devagarzinho...

Coragem.

Chegou em Casa
E abriu as cartas.

Friday

Feelings.

Quando você sente que hoje vai dar um problema e dá.
Quando você sente que ir não vai ser tão bom assim e não é.
Quando você sente que talvez não seja muito bem aquilo e não é mesmo.
Quando você sente que talvez esteja na contra-mão e de fato está.

Quando você se pergunta "Será que vou ficar louca?" ... é porque já está?

Monday

Escrito em Jet Lag.

Poderia ser mais um longo cansaço em minha vida.
Eu justificaria isso pela quantidade de danças, risadas, presenças, profundidades e tons auto-sarcásticos. Eu acrescentaria os olhares, falta ou presença de timmings e cuidados polidos.
Devo somar também cuidados com outros que nos levaram a subtrações.
E à nossa sub-atração de hoje.
A atração que foi se esvaindo, que virou ansiedade, que virou falta de foco, que virou segundo plano, que virou sub e não prima, que virou velada. Intocada. 
Uma soma e muitas subtrações de horas tiveram como resultado a nossa sub-atração de hoje.

Proponho longo descanso.
Feche os olhos, solte o cinto, os papéis e esta borracha.

Porque vou reescrever duas determinadas pessoas.
E estas, quero que durem mais que a diferença de nossos fuso-horários, muito além de cansaços e estações finais.

Crossing roads in Madrid.

It's about who I am,
And where I wanna be.

It's about where I am,
And who I wanna be.

Thursday

Artes.

se a gente puder não falar de Vienna eu agradeço.

Wednesday

A noite do Hotel Drake Longchamp.

Se eu não tivesse chegado aqui sozinha, o Hotel Drake Longchamp não pareceria tão mal assombrado.
Ou melhor, recomeçando: se eu não tivesse chegado aqui sozinha, Geneva não pareceria tão mal assombrada.
Uma desconhecida em um país que gosto. Gostamos.
Com um lago grande, frio e calmo.

Foi por isso que vim.

Mas na sua ausência, ele me dá medo. O banheiro parece mais feminino e faz com que eu me sinta há séculos passados de distância de você. Os azulejos decorados, o espelho sanfonado, o porcelanato rosa-antigo lembram-me a infância em Taubaté, e me dou conta de outras tantas distâncias.

Na bancada do quarto, o livro sobre a Arte da Hotelaria me faz rir e a assinatura xerocada de Ronald Regan me dá a certeza de que você riria comigo.
Daí me enrosco em risadas e cortinas, e vejo o Lago, de novo. Tão grande, tão frio e tão calmo.

Abro a janela e o frio nem é tão frio assim. São dois graus... pensar que já estivemos a zero de separação.
Deixo o silêncio da Suíça entrar no meu quarto, rezando ali no fundo do coração para ouvir um suspiro seu vindo da Áustria.
Deito na cama e as camas de solteiros juntas não me incomodam. Porque delas vejo a grandiosidade, o lago, as luzes e todas as minhas vontades refletidas em cada uma delas.

Vontades, seria no quarto do Hotel Drake Longchamp que você diria o quanto sentiu minha falta.
Seria aqui que te contaria todas as coisas que aconteceram na minha vida nos últimos seis meses. E o martírio, a loucura e o furacão que ela virou depois que você partiu. Seria aqui que você me ouviria como nenhuma outra pessoa quis ouvir.
Seria aqui onde eu assumiria que amo você.

Seria aqui que você se permitiria chorar. Seria aqui que eu me permitiria chorar.
Seria aqui que você voltaria atrás. Seria aqui que eu aceitaria.
Seria aqui que eu ligaria para minha família enquanto você seguraria minha mão, me dando realidade para descrever o tamanho da minha felicidade.

Seria aqui, no quarto do Hotel Drake Longchamp, de frente para o Lago Geneva, nesta noite de dois graus, onde eu finalmente entenderia o porquê você cruzou meu caminho.

Seria nesta noite.
Porque em todas as outras, eu não me conformo com a nossa grande, fria e calma separação.