Thursday

Os dias correram como cavalos selvagens nas montanhas.

Foram dias que correram livres como um respirar aliviado.
Foram dias que fluíram como um mergulho no mar de sí mesma.
Foram dias que cavalgaram com a força de um longo, profundo e delicado caso de amor próprio.

Naquela manhã quis comprar mais livros de arte e enfeitar-se. Pintou o cabelo, comprou mais vermelho.
Falou mais alto e marcou mais passos. Disse verdades, declarações de amor. Entendeu amizade. Voltou a adolescência. Chorou baixinho e aprendeu um rezar diferente.
Recebeu amigos em casa. Abriu mais portas e deu mais caras a tapa.
Assumiu medos, defeitos e nós. Infinitos nós.
Nós coloridos, cinzas, pretos, brancos, grossos, finos, leves, rendandos, de lã, de linho, de tintas e giz de ceras.
Nós, infantis. Nós, adolescentes. Nós, adultos. Nós, velhos.
Nós mortos.

Para um dia renascer. Olhar o mar, rezar baixinho, pintar, dançar. Mais do que nunca, se recriar.

E foi a partir deste dia que todos os seguintes passaram a correr como cavalos selvagens nas montanhas.

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