Friday

Feelings.

Quando você sente que hoje vai dar um problema e dá.
Quando você sente que ir não vai ser tão bom assim e não é.
Quando você sente que talvez não seja muito bem aquilo e não é mesmo.
Quando você sente que talvez esteja na contra-mão e de fato está.

Quando você se pergunta "Será que vou ficar louca?" ... é porque já está?

Monday

Escrito em Jet Lag.

Poderia ser mais um longo cansaço em minha vida.
Eu justificaria isso pela quantidade de danças, risadas, presenças, profundidades e tons auto-sarcásticos. Eu acrescentaria os olhares, falta ou presença de timmings e cuidados polidos.
Devo somar também cuidados com outros que nos levaram a subtrações.
E à nossa sub-atração de hoje.
A atração que foi se esvaindo, que virou ansiedade, que virou falta de foco, que virou segundo plano, que virou sub e não prima, que virou velada. Intocada. 
Uma soma e muitas subtrações de horas tiveram como resultado a nossa sub-atração de hoje.

Proponho longo descanso.
Feche os olhos, solte o cinto, os papéis e esta borracha.

Porque vou reescrever duas determinadas pessoas.
E estas, quero que durem mais que a diferença de nossos fuso-horários, muito além de cansaços e estações finais.

Crossing roads in Madrid.

It's about who I am,
And where I wanna be.

It's about where I am,
And who I wanna be.

Thursday

Artes.

se a gente puder não falar de Vienna eu agradeço.

Wednesday

A noite do Hotel Drake Longchamp.

Se eu não tivesse chegado aqui sozinha, o Hotel Drake Longchamp não pareceria tão mal assombrado.
Ou melhor, recomeçando: se eu não tivesse chegado aqui sozinha, Geneva não pareceria tão mal assombrada.
Uma desconhecida em um país que gosto. Gostamos.
Com um lago grande, frio e calmo.

Foi por isso que vim.

Mas na sua ausência, ele me dá medo. O banheiro parece mais feminino e faz com que eu me sinta há séculos passados de distância de você. Os azulejos decorados, o espelho sanfonado, o porcelanato rosa-antigo lembram-me a infância em Taubaté, e me dou conta de outras tantas distâncias.

Na bancada do quarto, o livro sobre a Arte da Hotelaria me faz rir e a assinatura xerocada de Ronald Regan me dá a certeza de que você riria comigo.
Daí me enrosco em risadas e cortinas, e vejo o Lago, de novo. Tão grande, tão frio e tão calmo.

Abro a janela e o frio nem é tão frio assim. São dois graus... pensar que já estivemos a zero de separação.
Deixo o silêncio da Suíça entrar no meu quarto, rezando ali no fundo do coração para ouvir um suspiro seu vindo da Áustria.
Deito na cama e as camas de solteiros juntas não me incomodam. Porque delas vejo a grandiosidade, o lago, as luzes e todas as minhas vontades refletidas em cada uma delas.

Vontades, seria no quarto do Hotel Drake Longchamp que você diria o quanto sentiu minha falta.
Seria aqui que te contaria todas as coisas que aconteceram na minha vida nos últimos seis meses. E o martírio, a loucura e o furacão que ela virou depois que você partiu. Seria aqui que você me ouviria como nenhuma outra pessoa quis ouvir.
Seria aqui onde eu assumiria que amo você.

Seria aqui que você se permitiria chorar. Seria aqui que eu me permitiria chorar.
Seria aqui que você voltaria atrás. Seria aqui que eu aceitaria.
Seria aqui que eu ligaria para minha família enquanto você seguraria minha mão, me dando realidade para descrever o tamanho da minha felicidade.

Seria aqui, no quarto do Hotel Drake Longchamp, de frente para o Lago Geneva, nesta noite de dois graus, onde eu finalmente entenderia o porquê você cruzou meu caminho.

Seria nesta noite.
Porque em todas as outras, eu não me conformo com a nossa grande, fria e calma separação.