Thursday

Eu poderia te agradecer por me fazer chorar.

Eu poderia te agradecer por uma série de coisas.
Agradeço de novo pelas risadas e palhaçadas todas. Agradeço pela religião escrita. Por me ensinar uma dança nova em um lugar escondido em mim mesma. E até por ser tão sério e intocável assim.

Mas hoje eu te liguei para perguntar uma única coisa e me vi muito triste. Porém não quis abrir e te contar.
Estava medrosa e teria uma lista de outras perguntas a fazer. E você provavelmente a responderia com a calma de um maestro ou da forma mais sucinta, máscula e direta possível.

E mesmo com a sua pergunta forte e a minha resposta afonica sobre meu estado emocional, entendi nesta minha resposta que o colo que eu precisava era eu mesma quem precisava me dar.

Então desliguei o telefone e dei o primeiro soluço.
Fui para o quarto e despejei em cima da cama todos os outros que estavam engasgados.
Chorei as lágrimas e o medo que eu não me permitia há tempos. Chorei o só e o que virá. Chorei a loucura e também a certeza que nela encontro.

Até que uma hora parei.
Me acalmei.
Terminei o que tinha que terminar, e fui para a rua atrás do material ideal.
Até que dei-me conta que enquanto caminhava na rua, ainda de olhos açucarados de choro, existia uma placidez enorme aqui dentro.
Porque eu tinha tido coragem de chorar.
Porque eu tinha tido coragem de contar comigo.

Eu poderia te agradecer por uma série de coisas.
Mas de todas elas, fico com a idéia indireta de que você me ensinou a ressignificar um certo choro.

Obrigada.

Porque todas as vezes que choro eu mesma,
Sou uma pessoa melhor depois.

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