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Wednesday

A noite do Hotel Drake Longchamp.

Se eu não tivesse chegado aqui sozinha, o Hotel Drake Longchamp não pareceria tão mal assombrado.
Ou melhor, recomeçando: se eu não tivesse chegado aqui sozinha, Geneva não pareceria tão mal assombrada.
Uma desconhecida em um país que gosto. Gostamos.
Com um lago grande, frio e calmo.

Foi por isso que vim.

Mas na sua ausência, ele me dá medo. O banheiro parece mais feminino e faz com que eu me sinta há séculos passados de distância de você. Os azulejos decorados, o espelho sanfonado, o porcelanato rosa-antigo lembram-me a infância em Taubaté, e me dou conta de outras tantas distâncias.

Na bancada do quarto, o livro sobre a Arte da Hotelaria me faz rir e a assinatura xerocada de Ronald Regan me dá a certeza de que você riria comigo.
Daí me enrosco em risadas e cortinas, e vejo o Lago, de novo. Tão grande, tão frio e tão calmo.

Abro a janela e o frio nem é tão frio assim. São dois graus... pensar que já estivemos a zero de separação.
Deixo o silêncio da Suíça entrar no meu quarto, rezando ali no fundo do coração para ouvir um suspiro seu vindo da Áustria.
Deito na cama e as camas de solteiros juntas não me incomodam. Porque delas vejo a grandiosidade, o lago, as luzes e todas as minhas vontades refletidas em cada uma delas.

Vontades, seria no quarto do Hotel Drake Longchamp que você diria o quanto sentiu minha falta.
Seria aqui que te contaria todas as coisas que aconteceram na minha vida nos últimos seis meses. E o martírio, a loucura e o furacão que ela virou depois que você partiu. Seria aqui que você me ouviria como nenhuma outra pessoa quis ouvir.
Seria aqui onde eu assumiria que amo você.

Seria aqui que você se permitiria chorar. Seria aqui que eu me permitiria chorar.
Seria aqui que você voltaria atrás. Seria aqui que eu aceitaria.
Seria aqui que eu ligaria para minha família enquanto você seguraria minha mão, me dando realidade para descrever o tamanho da minha felicidade.

Seria aqui, no quarto do Hotel Drake Longchamp, de frente para o Lago Geneva, nesta noite de dois graus, onde eu finalmente entenderia o porquê você cruzou meu caminho.

Seria nesta noite.
Porque em todas as outras, eu não me conformo com a nossa grande, fria e calma separação.

Tuesday

A história de quem não pertencia.

Não demorou muito para cair em sí: tudo a sua volta estava caindo por terra.
Eram amigos que belamente decepcionavam, relacionamentos que não durariam mais uma manhã, casas que não satisfaziam, e empregos...bem... empregos que não se acertariam.
Era uma saudade de algo que nem sabia o que era. Justamente porque ela não mais pertencia àquilo que um dia teve.
Por não ter nada, teria que recomeçar do zero. Ou largar mão de vez.
Lembrou da astróloga dizendo:"Estás vivendo o melhor ano da sua vida!" Logo em seguida, quis desistir de tudo. Porque se esse era o melhor ano, rá, imagine o pior.
O gosto da boca era estranho, o corpo estava adoecido, o peito dolorido, o ego esquecido, o brilho apagado. As projeções mais nada diziam, por mais que ela insistisse que dalí sairia a resposta.
Um ano para qual muitas coisas ela disse "chega!". Um ano de muitos e muitos erros. Um ano de excessos, um ano de abusos. Um ano de abusos profissionais, mentais, sexuais, financeiros e físicos. Um ano de surpresas tristes, de negações pessoais. De laços soltos e revelações amargas. Um ano de expectativas e vazios. Um ano de buscas e encontros rasos.
Enfim um ano forçadamente que era mais ela, porque os outros já não correspondiam.

Eram amigos que belamente decepcionavam, relacionamentos que não durariam mais uma manhã, casas que não satisfaziam, e empregos...bem... empregos que não se acertariam.

Nunca quis tanto que o ano chegasse ao fim.
Porque pelo menos a isso, aos 'fins', ela ainda pertencia.

Thursday

Inner Whisper.



Eu vou levantar
Sair andando
E não vou olhar para trás.

My Daily Liquid Society.

Você é tudo o que não quero.
E um pouco do que não acredito.

Wednesday

Hard to Explain.

Trying to forget you
Step by step
Till i hit the ground.

Saturday

Vacinada.

[na noite passada]
- E onde você mora?
- Vila Olímpia.
- Floripa?

Wednesday

Natalia Magdalena, 121 days ago.

Dai fui para um apartamento
Que tava todo grafitado
E um monte de lata de spray no chão.
Fiz um PoodleMen e fui para o aeroporto.

Barcelona
Todo mundo abandonou alguma coisa para estar ali. 

 

192 days ago.

Sabe o que ta acontecendo...?
Parece que eu esvaziei. Parece que eu deixei de lado meu alimento principal, o conteúdo, porque desde que vocês se foram... Eu não tive mais com quem trocar... Para quem preparar, a quem servir.

So I will.

Call all angels
Hold them in my heart
They will hold my hand.

Monday

Agora imagine uma pessoa feliz.

Eu.
Hoje.
Boas resoluções.
1º de Novembro de 2010.

Tuesday

Mas hoje eu senti saudade.

Hoje quando as meninas saíram de casa, depois de aprovarem o apê, eu quis te contar.
Eu fiz o meu email mental para você, escolhi as frases e as conclusões. Pensei nas interjeições e na conclusão positiva de tudo que é novo, como eu sempre fazia neles.
Mas daí me deu uma tristeza, porque quando ele estava quase inteirinho pronto na minha cabeça.... eu tive de deletá-lo.
Porque não ia escrever. Porque não ia contar. Porque você não ia saber. E por mais que ambos estejamos vivendo momentos de vida muito similares, por mais que ambos estejamos fazendo novas malas e se desfazendo de antigos móveis, você não iria saber. Você não iria ler. Você não iria me sentir. Porque eu não ia dividir.
E isso me deu uma tristeza.
Porque as minhas conclusões positivas não sairiam da minha boca com o orgulho e o brilho nos olhos que antes saíam quando elas sabiam que alcançariam você.

Hoje quando as meninas saíram de casa, depois de aprovarem o apê, eu tomei um banho quente. Eu lavei o cabelo com o Shampoo europeu. Eu escolhi a roupa três vezes e optei pela qual me valoriza mais. Eu usei maquiagem. Eu escolhi ir de sapato novo. Eu me enebriei do perfume favorito.

Eu sentei na frente do computador.
Eu trabalhei.
Eu fiz para meu futuro ano.
Eu liguei e fui a pessoa mais doce do mundo.
Eu busquei paz na minha própria voz.
Eu tive que me ouvir.

Mas hoje.
Hoje.
Hoje eu senti saudade.


(and i wish you could feel that too.)

Spit.

Li em 3 segundos, desliguei o iPhone e sorri para o cliente.

Friday

Taste it. Toast it!



Um dia me disseram que Vinho Tinto era bom pro Coração.
E eu acreditei.

Saturday

Aura.

eu estava postergando.
mas é quase impossível não verbalizar.
porque eu não verbalizei esses dias todos, esses últimos cinco dias todos...

tem uma dor aqui perto, bem perto do coração, entre a pele e a carne.
uma dor da amiga de alma, uma das tão raras, ter ido morar longe.
mas não um longe de 'te vejo daqui três ou seis meses'. um longe de três anos ou mais.
um longe de uma distância que nem sei mesmo ao certo qual é, mas eu juro pra você que essa dor me caiu diferente.

e diferente de todas as distâncias que você lê aqui.

é uma distância de dor e repleta de amor.
e de felicidades: porque assim, aqui, eu ajeito meus parênteses para também seguir com meus próprios sonhos e realidades.

mas, Aura, me dói entre a pele e uma carne que tá cheia de sangue de uma saudade de sabe-se-deus-o-porquê-fez-se-tão-real.

e a saudade existe, a respeito e por isso a escrevo.

a ida d'ela Déa, de um pedaço d'alma, do amor na inteligência, da afinidade no olhar, da cumplicidade do abraço, das frases cuspidas de dentro, do companheirismo do breve telefonema, do riso descompromissado, do sorriso de dentro.

e da risada que me revela viva...
... a de uma presente ida me dói.

ao mesmo tempo que é tão linda.
ao mesmo tempo que é tão viva.
ao mesmo tempo que é tão meu amor carregado junto numa bagagem para novas histórias.
ao mesmo tempo que é a simplicidade de uma amizade que amarra tudo.

e que será mentira se eu disser a você que minha vida continua igual.

porque ela simplesmente não continua:

ela renasce.

porque assim me reconheço em minha própria vida que me responde: é mesmo LINDA a beleza da SIMPLICIDADE.

Wednesday

nestes seis últimos dias.

com os pés no chão e saudade de mim mesma.
numa intensidade de pessoas e notícias, chegar em casa é aliviante.
com a melhor amiga indo morar fora, quase me arrumando para dar um beijo bonito de até logo.
com os planos que existem e outros que surgirão.
sentada no sofá com a realidade ao lado.
sem fazer sala, sem ter fala. no silêncio.
onde acho de novo meu conforto.
onde estar sozinha é valioso.
onde escrever me lembra quem sou.
quem amo e para onde vou.
comigo.
com amigos.

mas é na minha própria língua, cidade e felicidade que encontro meu eu.
nestes seis últimos dias de setembro de dois mil e dez, nunca revisitei tanto e amei tanto minhas próprias raízes.

Saturday

Post para um dos melhores presentes da Vida.


Uma das pessoas que mais amo pra sempre.
Que eu fiz questão de passar meu aniversário rindo e dividindo mãos, planos e energias bonitas.
Que acabou de ter a experiência de Vida Própria mais valiosa dessa jornada.

E que me dá o prazer de ouvir. Que sabe dividir.
E de ser Amigo para sempre.

Lisonjeada. Abençoada.

Tuesday

Divisor de águas.

então disse.

a sensação foi libertadora.

veio como uma dor que precisava ser curada há tempos, muito mais do que o tempo da relação deles.
assumiu, e assumiu com vontade.

quando a frase estava subindo, mais ou menos na altura da garganta, sentiu um frio na barriga. vertigem, medo. e um frio geral, daqueles sentidos quando se está quase caindo no sono.
talvez porque quisesse que aquilo fosse um sonho, pra não ter que se responsabilizar por suas atitudes.
o corpo a protegia. o corpo sempre a protegia.
parecia que ele inventava tremedeira, medo e ansiedade nas horas certas só para ela não ter de soltar seu freio de mão.

mas soltou.
a frase veio e veio com vontade. elaborada, sentida, acompanhada de gestos de mãos e coragem de olhar para ele. dessa vez, ela teve. olhou-o nos olhos e despiu-se.
sentiu-se nua não pela revelação do dizer, mas pela leveza. como se tirasse casacos e casacos, proteções e proteções, revelou a possibilidade do Amor em sí, aquilo que já estava engasgado e amedrontado e em seu escuro a tanto tempo.

ele olhou-a, como quem pede mais.
e então ela disse mais.
trouxe detalhes e até as semanas passadas.
contou dos sinais físicos, contou dos textos mentais, contou do medo de ficar mais cinco minutos.
e nesse momento, embalou lindamente: 'no sexto minuto saí porque você me dá vontade de querer escrever. de pintar. de me expressar. de colocar pra fora esse sentimento tão lindo que tenho aqui dentro, e toda vez que te vejo, é tão bonito o que sinto que não é justo com o mundo eu guardar só para mim...
todo mundo devia ter acesso a isso, porque é nobre demais pra ser escondido...
e quando eu sinto, quer dizer que estou viva... e naquele sexto minuto me dei conta do quanto ainda gostava de você: quis sair e escrever a noite inteira.
e isso, isso é vida pra mim...
você me dá vontade de querer viver.
e há tanto tempo."

ele emudeceu. ela aliviou. e disse que precisava ir.
os dois pararam.
não sei para onde foram.
não sei para onde iriam.
não sei onde guardarão um ao outro. não sei nem como hoje guardarão pessoas ao invés de fantasmas com metros de altura.

mas aceitaram que estão no mesmo nível.
aceitaram que são medrosos.
aceitaram o susto.
aceitaram o gosto doce.
aceitaram o gosto amargo.

a condição de humano.


humildes, prometeram dizer a verdade.


e naquela noite, chorariam diamantes como um rito de passagem.

Monday

Trinta e Trinta e Um.

Eu acredito em timing.
Eu acredito na força da memória.
Eu acredito na vontade de te escrever pra te contar que ontem fez um mês que te conheci, e que desde então pensei em você quase todos os dias.
Hoje eu fiquei tão feliz que eu quis muito te apresentar pra minha família. Mesmo ilusoriamente, isso já me mostrou que dei um ótimo passo.
Hoje eu comemorei o dia desde que acordei, só porque eu sabia que ia te encontrar.
Eu fiz de hoje o nosso dia, garantindo que não precisava de mais nada.
Acordei tarde, dormi cedo, porque a tarde foi bonita demais. Vinte e quatro horas já estavam completas e preenchidas, recheadas de mim mesma feliz.
Eu acredito no dia que te conheci.
Mas mais do que isso, eu acredito que reconheci.