Friday

E daí alguém pega na sua mão.



Recebi um email bonito hoje de manhã, enviado por ela, igualmente amada, que me ouve quase todos os dias.
Em uma sexta-feira de ansiedades, decisões e projeções, lembro-me claramente de uma outra amiga minha, americana, ter me pedido um dia "Could you hold my hand, Julia?" e oferecido sua mão. Quando o fiz, ela falou por entre os lábios: "Thank you'.

O legal de morar fora e falar outra lingua é que você acaba entendendo, de fato, a outra lingua. Ressignificando expressões que estavam ali fazendo parte do seu cotidiano nacional e da forma mais banal possível e, quando volta, passa a ver o seu mundo e relacionamentos com outros olhos.
E esta, é minha visão literal de encontros e afinidades de relações ao longo da vida:

"Hold my hand.", "I wanna hold your hand."
Acho sim que no final do dia, é o que a gente quer. É só o que a gente quer. Fisicamente. Emocionalmente. Passamos a vida inteira procurando por isso.
Imagine que a vida é um grande círculo e você está caminhando por dentro dele. Existem mais de 400 pessoas ali. E então você caminha lentamente, passando uma a uma, olhando nos olhos para ver quem olha profundo assim também, e de volta. Às vezes encontramos olhares. Às vezes encontramos mãos. Às vezes ficam. E às vão.

'Hang loose.'ou 'Let it go.'
Ao encontrar, não tente arrastar. Além de um esforço extremo e dores nos braços, só estaremos tirando a pessoa do seu próprio círculo e ritmo. Até chatear-nos e andarmos cabisbaixos e cansados por mais uma ou duas voltas, deixando de olhar mais 400 ou 800 pessoas.

'Don't settle. You've got to find what you love.'
Mas daí alguém pega na sua mão. E é tão leve e natural, tão orgânico e fluido, que dá pra seguir junto. O círculo vira um passeio. Um passeio vira uma viagem. Uma viagem vira uma vida de descobertas e caminhos. Simples, lado a lado.

Ao lado.
É disso que sou a favor, em absloutamente todas as minhas manifestações.
Não quero frentes. Não quero o dentro, a mescla. O de cima, o de baixo, o de fora. Não quero o atrás. Não quero fusões.
O lado.

Porque é só assim que conseguimos dar e segurar vossas mãos.


E daí, quando recebo um email com uma imagem assim, em uma sexta-feira de ansiedades, decisões e projeções, eu lembro de todas as escolhas que fiz quando caminhava pelo meu círculo.
E as que ficaram, escolhas sólidas como esta, me fazem reassegurar quem eu sou.


From little gestures, big things grow.
And you are loved, wherever you are.

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